As melhores coisas na vida


Já ouvi dizer que as melhores coisas na vida são construídas em nós. Mas como li nas páginas perdidas de um ser longíquo, elas não são construídas, mas sim, nascem em nós. Com o derradeiro prazer de existir e se manifestar. Com a leveza e grandiosidade de uma essência desconhecida mas que conforta. As melhores coisas na vida, em nós ocupam-se. Fazem das nossas entranhas, a sua morada. Cobrem os contornos das nossas palavras com os seus discursos delgados. E connosco viajam.
As melhores coisas na vida fazem-nos viver de maneira urgente. Com pressa. Pressa de chegar e observar. Pressa de sentir, abraçar. O macio, o palpável, o jamais esperado. Pressa de beijar. Mas beijar devagar... sem alguma pressa. E pressa de tropeçar nas frases que dizem o quanto gostamos uns dos outros. É uma urgência que desvanece e volta no mesmo segundo.

Sento-me e observo o silêncio a dar voltas pelo meu redor. Às vezes ele também é quieto e com rabiscos delicados pede-me baixinho para bocejar poucas palavras quando estou com os lábios cerrados. Observo. As paredes de planície, as curvas enroladas, os desenhos afogados, as folhas nem sempre brancas, as janelas que formam baía, as páginas dos livros velhos e antigos, os sorrisos que se congelaram nos retratos que não falaram, os sapatos no canto, as panelas semi tapadas e a pouca luz que preenche...
 e as flores, apenas elas. Observo. Desligo. Danço e reafirmo. Desenho dois passos à frente. Sorrio. Mais cinco passos para trás. Consigo então ouvir o silêncio.

As melhores coisas na vida, vêm de dentro. Na capacidade de absorver a vida. Do que move e do que nos move.

e de melodias singelas como essa

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