Hoje o dia é dela
Existem aqueles dias que foram feitos para ser. Para só ser. Dias em que começo deitada e lanço um olhar para o mundo inexistente acima de mim. Dias que me deixo confinada e trago para perto de mim o sol, a pouca luz que existe na capital de Gales, trago o tom, do sorriso da Ibérica, do pouco chiado da nova Luanda, do sussurro, logo no começo das minhas 6 horas, porque as dele eram 7. Trago a saudade, comum das prosas, até daquelas bailundas. E deixo o dia arrastar ao pé de mim, arrastando, no silêncio de uma memória esquecida, o perder sem nunca tocar e o sentir sem nunca amar. Assim como uma roda gigante, bem alta e bem viva, mais alta que o nariz delgado da Áurea, a menina de coração liso e dourado, vivo em plena nostalgia, não crua, não vazia mas escorregadia, a vontade.
Descasco-me e não sei.
Não sei porque ainda invento de cuspir metáforas, se as lágrimas que caem do céu alto que não vejo, extensas, fazem juras de amor com o solo jamais fértil. Não sei porque insisto em insistir que para a insistência ser, insistente, acima de tudo deve ser. São repetições desnecessárias, caminhos descartáveis, desentendimentos inadiáveis. São manifestações... puramente virgens e ingénuas.
Sim, é verdade. Caminho vazia. Caminho apenas com as minhas duas pernas. Antes tinha 5 e não sabia o que era leveza. Sabia o que era o mundo, sabia dos contornos, dos desafios, sabia do debate, do conflito, mas sabia também da igualdade, da amizade. Eram cinco, as pernas.
Sim, é verdade. Não sei para onde esse texto me leva. Mas carrega-me, porque só com as minhas duas pernas não consigo dar as boas-vindas à Lua... A Lua que anda, que brilha, que dança e encanta. A Lua que rouba e se expressa, que envergonha, que se esconde...
Ela. Hoje o dia é dela.
Descasco-me e não sei.
Não sei porque ainda invento de cuspir metáforas, se as lágrimas que caem do céu alto que não vejo, extensas, fazem juras de amor com o solo jamais fértil. Não sei porque insisto em insistir que para a insistência ser, insistente, acima de tudo deve ser. São repetições desnecessárias, caminhos descartáveis, desentendimentos inadiáveis. São manifestações... puramente virgens e ingénuas.
Sim, é verdade. Caminho vazia. Caminho apenas com as minhas duas pernas. Antes tinha 5 e não sabia o que era leveza. Sabia o que era o mundo, sabia dos contornos, dos desafios, sabia do debate, do conflito, mas sabia também da igualdade, da amizade. Eram cinco, as pernas.
Sim, é verdade. Não sei para onde esse texto me leva. Mas carrega-me, porque só com as minhas duas pernas não consigo dar as boas-vindas à Lua... A Lua que anda, que brilha, que dança e encanta. A Lua que rouba e se expressa, que envergonha, que se esconde...
Ela. Hoje o dia é dela.
Eu nem sei se percebi o texto. Nem sei se era para ser percebido. Mas senti uma aperto no início e muito alívio no fim. Como se tivesse presenciado alguém a livrar de uma agonia.
ResponderEliminarGostei muito :)
Que bom Yolanda. :)
EliminarTambém não sei se era para ser percebido. É mais um daqueles textos...