Escrevi mas não sei o quê.

Hoje, ontem e durante esses dias tenho pensado mais em ti. Em como a tua figura se revelava aos poucos ao meus olhos. Pensei no teu sorriso de ser maroto e no teu jeito, de muitas vezes de brincadeira. A tua presença fez-me falta. Mas fez-me falta muito tarde, à horas que nem a própria madrugada reconhece. Mesmo à luz do sol, não posso ir de encontro à ela porque não estou no meu direito.
Agora percebo que talvez o que me faz falta é a maneira que, na maior parte das vezes, sentia-me contigo. Não criavas muitas dúvidas dentro de mim, porque deixavas claro. Ou pelo menos as dúvidas eram mais transparentes. Porque eu gostava dos teus braços esticados à procura do meu eu, da figura imponente que significava para ti. Porque eu estava confortável num mundo que tão bem conhecia.
De olhos fechados dei um passo e deixei-te na memória que se carregou na infância feliz. Conheci outros mundos, profundos e pouco decifráveis. A questão nasceu e todos os dias renasce um pouco.
Não quero acreditar que estou mais amarga mas da vida, não duvido mais nada. Se eu tiver que ser do jeito que tiver de ser, serei. Então prontos. É porque eu não sei. Desse mundo, onde hoje me encontro, confesso, não sei. E repito, não sei mesmo. Se vou, para onde vou e como vou. Comigo eu vou. Com mais quem? Desse mundo que me fez aprender que para crescer falta muito. Mais dois metros... porque ele não se respira satisfeito e acho que dois é um bom número. Não é sozinho nem eterno.
O que é eterno cansa. O choro que não acaba, a risada que não se desvanece da boca, o olhar que não desgruda, a visita que não se cala e o chá que não acaba. E eu me pergunto, estarei eu um dia pronta para esse mundo? Porque eu gosto, porque eu quero. Quero muito. E por vezes a sua insatisfação não abala mas magoa, mesmo que devagarinho.
O que eu preciso de saber é se algum dia estarei pronta para mim. A única pessoa que vai aturar os meus dias de hormonas agitadas, eu. Não sei. Tenho-me feito e tenho-me sentindo à medida do tempo. Reconheço as falhas e me derrubo com elas. Sei que não posso. A vida é complexa. Isso foi só um desabafo sem ter de ser, porque na mesma estou cheia e vazia ao mesmo tempo. Penso se o meu mundo se sente completo.

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