Not a single story
Comecei o ano com um propósito, chegar mais perto da literatura africana.
Muitos amantes da literatura, foram apresentados à diversas obras desde as suas tenras idades e foram nutrindo um amor inquestionável pela leitura .
Eu lia Archie e Turma da Mónica, livros da Anita, livros do Clube das amigas. Nada de grande renome... mas era uma prosa(?) que eu gostava. Fui apresentada à escritores como Pepetela, Jorge Amado e Mia Couto por um professor que obrigava a escrever análises literárias. Tentei ler Paulo Coelho.
Comecei então a escrever, sobre mim. E sobre coisas que eu sentia. Mas não lia.
A minha viagem (profunda e apaixonante) pela literatura começou no ano passado, para ser exacta. E em tão pouco tempo deixei-me mergulhar nesse mundo que não mais acaba. É extenso...
Para quem já viu o filme About time, uma das maneiras que o pai do Tim usou para não desperdiçar o dom que tinha, foi de voltar no tempo para ler. E reler. Porque as vezes um livro deve ser lido mais de uma vez. Porque encontramos sempre algo novo nas letras e nas palavras. Nas poesias que elas formam. Sinto que o "Cem anos de solidão" é um deles. Um livro que serve para muito tempo. Deve ser por isso que o poupo tanto.
Falando de literatura africana. Esse ano quero ler Bessie Head, que afirmou: 'I'm building a stairways to the stars. I have the authority to take all of the mankind up there with me. That is why I write'. Quando eu leio coisas do género, pergunto-me com perguntas vazias, porque sinto o mesmo. Essa vontade de criar algo sublime com as palavras que me fazem companhia. E sinto uma espécie de glória, quando as palavras cumprimentam-se com harmonia leve.
Ontem a noite, no auge do entusiamo, escrevi:
“I feel some kind of glory that it’s hard to describe or to draw or to write. I feel glory writing and describing and inventing and dreaming and travelling, all in the same place, in my head, in my bed, in my hands, in my room. I feel confidence and joy, happiness buried inside an intimate sadness, deep, thin but there. Recent. I feel my heart breathing and my nose beating. And my mouth listening and my ears talking, profoundly, immensely, non-stop. With some confusion, because it just is the way it is meant to be. An exceedingly glory.”
Comecei o ano a ler Teju Cole, nigeriano. A sua prosa é fácil, clara. Em alguns aspectos parecida com a minha. Identifico-me com ele, com a realidade que ele descreve. Nigéria e Angola não são países muito diferentes um do outro, apesar de muito. Tem um excerto do livro, muito doce, muito meigo, muito leve em que ele descreve o estar de uma menina. E o brilho que nela se envolve.
Essa simplicidade, grandiosa, na literatura, me encanta. O livro, ''Everyday is for the thief'', como dizem os críticos: 'is like a memoir'. Excertos de uma memória. Vale a pena.
Conheci Eillen Almeida Barbosa, de Cabo-Verde, por um conto publicado na antologia Africa 39. Ela tem um blog. Transparente mas complexo. Irónico. Cómico. O livro dela também faz parte da minha lista desse ano.
Quero muito ler Chinua Achebe e Yvonne Adhiambo Owuor.
Descobri na livraria, um escritor sul africano que ganhou o prémio Nobel da Literatura em 2003. J.M. Coetzee. Estou a ler o livro ''Foe''. Um dos excertos faz menção à língua portuguesa: ''I lifted myself and studied the flat face, the small dull eyes, the broad nose, the thick lips, the skin not black but a dark grey, dry as if coated with dust. Agua, I said, trying Portuguese...". Gostei das primeiras páginas. É uma prosa que me agrada.
Quero ler pelo menos um livro que não seja ficção. Um livro de memórias talvez. De uma parte de África que eu não conheço. (sugestões?)
Além deles, quero mergulhar mais nas obras de José Luandino Vieira, Viriato da Cruz e Ana Paula Tavares. Quero conhecer melhor as suas histórias, os seus jeitos, as suas manias... com as palavras silenciadas.
Sou uma pessoa pouco constante e de muitas luas, por isso não quero comprometer-me em criar um clube do livro, mas ficaria satisfeita se alguém quisesse mergulhar comigo nessas pequenas viagens. Porque a partilha, a discussão, as diferentes perspectivas fazem bem.
E porque a literatura é bonita.
Muitos amantes da literatura, foram apresentados à diversas obras desde as suas tenras idades e foram nutrindo um amor inquestionável pela leitura .
Eu lia Archie e Turma da Mónica, livros da Anita, livros do Clube das amigas. Nada de grande renome... mas era uma prosa(?) que eu gostava. Fui apresentada à escritores como Pepetela, Jorge Amado e Mia Couto por um professor que obrigava a escrever análises literárias. Tentei ler Paulo Coelho.
Comecei então a escrever, sobre mim. E sobre coisas que eu sentia. Mas não lia.
A minha viagem (profunda e apaixonante) pela literatura começou no ano passado, para ser exacta. E em tão pouco tempo deixei-me mergulhar nesse mundo que não mais acaba. É extenso...
Para quem já viu o filme About time, uma das maneiras que o pai do Tim usou para não desperdiçar o dom que tinha, foi de voltar no tempo para ler. E reler. Porque as vezes um livro deve ser lido mais de uma vez. Porque encontramos sempre algo novo nas letras e nas palavras. Nas poesias que elas formam. Sinto que o "Cem anos de solidão" é um deles. Um livro que serve para muito tempo. Deve ser por isso que o poupo tanto.
Falando de literatura africana. Esse ano quero ler Bessie Head, que afirmou: 'I'm building a stairways to the stars. I have the authority to take all of the mankind up there with me. That is why I write'. Quando eu leio coisas do género, pergunto-me com perguntas vazias, porque sinto o mesmo. Essa vontade de criar algo sublime com as palavras que me fazem companhia. E sinto uma espécie de glória, quando as palavras cumprimentam-se com harmonia leve.
Ontem a noite, no auge do entusiamo, escrevi:
“I feel some kind of glory that it’s hard to describe or to draw or to write. I feel glory writing and describing and inventing and dreaming and travelling, all in the same place, in my head, in my bed, in my hands, in my room. I feel confidence and joy, happiness buried inside an intimate sadness, deep, thin but there. Recent. I feel my heart breathing and my nose beating. And my mouth listening and my ears talking, profoundly, immensely, non-stop. With some confusion, because it just is the way it is meant to be. An exceedingly glory.”
Comecei o ano a ler Teju Cole, nigeriano. A sua prosa é fácil, clara. Em alguns aspectos parecida com a minha. Identifico-me com ele, com a realidade que ele descreve. Nigéria e Angola não são países muito diferentes um do outro, apesar de muito. Tem um excerto do livro, muito doce, muito meigo, muito leve em que ele descreve o estar de uma menina. E o brilho que nela se envolve.
Essa simplicidade, grandiosa, na literatura, me encanta. O livro, ''Everyday is for the thief'', como dizem os críticos: 'is like a memoir'. Excertos de uma memória. Vale a pena.
Conheci Eillen Almeida Barbosa, de Cabo-Verde, por um conto publicado na antologia Africa 39. Ela tem um blog. Transparente mas complexo. Irónico. Cómico. O livro dela também faz parte da minha lista desse ano.
Quero muito ler Chinua Achebe e Yvonne Adhiambo Owuor.
Descobri na livraria, um escritor sul africano que ganhou o prémio Nobel da Literatura em 2003. J.M. Coetzee. Estou a ler o livro ''Foe''. Um dos excertos faz menção à língua portuguesa: ''I lifted myself and studied the flat face, the small dull eyes, the broad nose, the thick lips, the skin not black but a dark grey, dry as if coated with dust. Agua, I said, trying Portuguese...". Gostei das primeiras páginas. É uma prosa que me agrada.
Quero ler pelo menos um livro que não seja ficção. Um livro de memórias talvez. De uma parte de África que eu não conheço. (sugestões?)
Além deles, quero mergulhar mais nas obras de José Luandino Vieira, Viriato da Cruz e Ana Paula Tavares. Quero conhecer melhor as suas histórias, os seus jeitos, as suas manias... com as palavras silenciadas.
Sou uma pessoa pouco constante e de muitas luas, por isso não quero comprometer-me em criar um clube do livro, mas ficaria satisfeita se alguém quisesse mergulhar comigo nessas pequenas viagens. Porque a partilha, a discussão, as diferentes perspectivas fazem bem.
E porque a literatura é bonita.
Vou terminar o texto com uma frase de Mia Couto:
''Acho que nós não precisamos de mais tempo. Precisamos de um tempo que seja nosso''
''Acho que nós não precisamos de mais tempo. Precisamos de um tempo que seja nosso''
Fico a espera de aprender mais sobre essas aventuras literárias. Não me diaponibilizo acompanhar essa passada, pois ando curiosa por algumas avenidas também. Ainda que não te acompanhe de perto, alguns deles entrarão para a minha lista de curiosidades também. Bom ano perdida nas páginas, nas palavras silenciosas...
ResponderEliminarAdorei este post! Em 2011 apaixonei-me por literatura africana e hoje já não consigo ler outra coisa. Identifico-me completamente. Com as personagens, com a realidade, as emoções, tudo! Eu tenho uma lista que não acaba, se quisers posso dar-te algumas sugestões (ou trocarmos ideias)Things fall apart, Disgrace, July's People são ''must read'' !Tem um blog que eu sigo religiosamente, inteiramente dedicado a literatura africana - bookshybooks.blogspot.com. E já agora, adorei o teu blog, Beijinhos, Helga Picarra
ResponderEliminarQuase que me esquecia, a sugestão para um livro de memorias: procura One Day I Will Write ABout this Place: A Memoir, do queniano Binyavanga Wainaina, 5 estrelas!
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