Desaba(r)fo

Por isso não gosto. Porque eu não sei ficar distante durante muito tempo e porque sinto que te distancias, aos poucos, cada vez mais. Porque sempre encontro uma maneira de amenizar. Talvez é esse o problema, talvez por isso tantas tentativas. E acabam todos por fazer o mesmo. E começa sempre do mesmo jeito. Por mais que eu soubesse que algum dia qualquer trovoada tentaria derrubar o que até agora temos vindo a construir, não esperava. Não queria. E sinto saudades. Muitas, mas não posso. Porque tenho de ficar calada, porque tenho de me distanciar também, porque estou magoada.
E assim como lido? Se não sei ficar magoada muito tempo? Sou fácil. Fácil de magoar, fácil para amar. Quero. Quero-te bem. Adivinho-te. E quando sinto, sinto. E sinto-te distante. Porquê tão aquém? Já me bastam as milhas que conhecem os desertos, as dunas, as curvas da Nigéria e o terminal da baixa. Já me basta tudo isso. Agora mais isto. Esse vazio. De não sei o quê. Essa ditadura do fingir, do vestir a máscara, do sorrir. Não!
Sinto. Sinto-te. Distante. Eu peço-te mas não sei se tu pedes. A mim. Finjo ouvir-te no silêncio, atrás das tuas cortinas pela metade.
E tenho de fingir. Mas não quero. Porque não sei. E quando não sei não faço ou aprendo. Vou aprender. Mas não quero. Não gosto. Por isso não gosto.

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