Sobre as rotinas

Os dias podem parecer todos iguais mas não são. Todos os dias sou um pouco mais ou um pouco menos, envelheço sempre mais um bocadinho. Falo por mim, porque acima de tudo, este lugar onde poucos me lêem é muito pessoal. É das poucas coisas que ainda são só minhas e que bem me faz, sem ignorar o valor do partilhar. 
Há poucos anos atrás, uma pessoa muito querida queixava-se das rotinas e como elas consumiam-lhe o ser. Lembro-me de lhe validar o sentimento mesmo sem perceber na totalidade. Como já aqui disse, as rotinas são necessárias mas doem, tal como o amor, tal como a vida, tal como estar em doação constante. O que mais me custa é o sacrifício disto, quando não me é possível parar, respirar e escrever porque estou extenuada. 

No entanto, escrever aqui é também uma forma de doação mas é acima de tudo um processo de cura. A pessoa que escreve é a mesma pessoa que lê. E se tu que me lês e não és eu, na verdade és (parte de mim)! 

Tenho estado a revisitar memórias, muito porque estou mais uma vez com a casa às costas e não sei se devo guardá-las ou não. Se me encontro muito tempo presa ao passado sinto que depois não consigo olhar para o presente  com olhos claros e dispostos, ao mesmo tempo não acho justo apagar memórias só porque elas já não me cabem. Afinal, uma pessoa é o resultado de todas as memórias vividas. 

Não sei para onde este texto me leva mas era só para dizer que as rotinas cansam, as memórias desvanecem mas o amor está sempre ali. Este último nunca acaba. E isso é o que (mais) importa. 

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